A Comida Japonesa.
A Comida caseira no Japão é coisa
rara. Os japoneses adoram e preferem comer fora. Eles são excelentes
anfitriões, mas costumam levar seus convidados para apreciarem pratos
típicos em grandes restaurantes locais, por considerarem mais elegante
do que receber em casa. A comida caseira é menos elaborada.
Um banquete ou refeição japonesa mais formal é composto por vários
pratos servidos em pequenas tigelas. Cada comensal de posse de uma outra
tigela individual vai se servindo e colocando nela os alimentos pegos
com o hashi, os pauzinhos. Não se usa nenhum outro tipo de talher para
lidar com os alimentos, excepção apenas para a colher de porcelana usada
para tomar a sopa chawan mushi. As demais são bebidas directamente nas
tigelinhas. Dita um costume no Japão de que sopa e macarrão devem ser
sorvidos de maneira ruidosa, o contrário é considerado um insulto.
As sopas, assim como o arroz, são imprescindíveis em qualquer refeição.
As mais simples geralmente começam com um caldo ou missoshiro, seguido
de um prato principal e finalizado por uma tigela de arroz cozido e pickles. Raramente se encerra uma refeição com sobremesa. Geralmente são
consumidas frutas da estação. Nessas ocasiões do dia-a-dia o chá verde é
indispensável para se beber. Já na presença de um convidado costuma-se
servir o saquê.
Para ocasiões especiais são reservadas principalmente duas grandes
refeições: a kaiseki e a makumouche bento. A primeira é um deleite que
pode
oferecer
de sete a vinte pratos diferentes. E, a segunda, servida em grandes
caixas, é destinada a celebrar ocasiões como casamentos e passagem de
ano.
Os pratos típicos desse país tecnologicamente super desenvolvido, e
bastante atrelado às suas tradições, são o grande legado de uma
sociedade que manteve dos ancestrais a sabedoria de apreciar a fartura
da terra e do mar. A preocupação com o sabor em detrimento da
valorização da quantidade, a supressão do óleo, do açúcar e do sal, a
abundância no emprego de algas, ervas frescas, raízes, derivados de
soja, legumes e verduras, carne de peixe fresco e, finalmente o grande
apelo visual dos pratos e a rica variedade de combinações colocam a
cozinha japonesa hoje como umas mais saudáveis do mundo.
Duas das preparações de mais destaque na gastronomia mundial, o sushi e o
sashimi, são os maiores exemplos do apelo visual da cozinha japonesa.
Seus cozinheiros são mestres em compor pratos que devem ser admirados
antes de consumidos. Herança da estética assimétrica praticada nas artes
do ikebana (arranjo floral) e do sumi-e (pintura de nanquim). O
meticuloso espírito japonês trabalha para transformar alimentos em
pratos nutritivos, mas que também são alimentos para os olhos e o
espírito.
Ao contrário do que acontece hoje nas grandes cozinhas do Ocidente, que
praticam quase que uma alquimia com os alimentos, o Japão persiste em
apenas realçar cores e sabores como a natureza os oferece. A culinária
preza, sobretudo, o paladar dos alimentos frescos. Peixes e vegetais só
são consumidos no seu período de sazonalidade e os métodos de cozimento
geralmente são rápidos, para preservarem ao máximo o sabor.
Os japoneses gostam muito de legumes, verduras e peixes crus ou quase crus.
Para os cozinheiros, a tarefa de praticar a culinária é um exercício de
superação. O sushiman leva quase uma década de treinamento para atingir
os padrões ideais de corte do peixe para o sashimi ou manipular o sushi
com a perfeição esperada. Nos lares, até mesmo jovens donas-de-casa
costumam penar para acertar o ponto do arroz, imprescindível em todas as
refeições e que só agrada quando cozido al dente.
Embora o peixe ainda seja a proteína animal mais consumida, o país hoje
ingere mais carne de porco, frango e boi. Os japoneses não apreciam o
sabor forte característico da carne vermelha e, por isso, procuram
prepará-la de forma a atenuá-lo. Os pratos com carne utilizam pouquíssima quantidade de óleo para evitar que fiquem pesados. A gordura
em quantidade é pouco utilizada na cozinha.
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